O Europeu ainda não começou e já estou farto. Não estou farto de bola (essa não me enjoa), estou farto das trombas do Quaresma de megafone, do Nuno Gomes aos saltos, do Ronaldo armado em campeão, dos apelos à união e às bandeiras na janela.
Ontem, domingo, assisti a um dos momentos mais tristes da televisão portuguesa e, consequentemente, do espírito luso. Relatar, em directo, a subida de um avião é das coisas mais ridículas alguma vez vista. É muito bonito ver pessoas a andar à beira da 2.ª Circular de cachecol em riste e a gritar "Portugal" aos carros que passavam, como que a lembrar-me a merda de país em que vivo.
Não sou capaz de apoiar 23 indivíduos que ganham milhões nos clubes, milhões em publicidade e ainda conseguem receber 700 euros por dia para "representar" Portugal. O pior é que grande parte desse dinheiro deverá vir de uma gasolineira, de seu nome Galp, que, por sua vez, anda a limpar euros aos portugueses sem grandes problemas.
Não sou capaz de apoiar uma equipa que tem grandes portugueses como Deco e Pepe, que adoram Cozido à Portuguesa... desde que tenha picanha e farofa. Irrita-me o facto de como um tuga é capaz de andar duas ou três horas para ir ver um treino da selecção e não é capaz de se mobilizar e lutar pelos seus direitos com o mesmo afinco.
O futebol é o ópio dos povos mas, como qualquer droga, o regresso à realidade dá uma ressaca do caraças e o Europeu vai ser o nosso centro de desintoxicação.
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