O maior azar da vida de um homem com uma forte componente de taradice não é ser apanhado a trair, a roubar, a mentir ou a roubar enquanto trai (deve haver alguém que o faça). O maior azar da vida de um homem com uma forte componente de taradice é ser pai… de uma menina.
De um momento para o outro, o homem que era franco consumidor, passa para produtor num abrir e fechar de olhos. Não há nada que me meta mais medo do que vir a ser pai de uma menina. Primeiro porque isso pressupõe que uma mulher teve coragem para ter sexo comigo e depois porque o terror pode começar logo na primeira ecografia. Tive um amigo que viveu tal momento.
No dia em que soube o sexo da criança olhou para aquele ecrã e aquilo que lhe parecia ser os grandes tomates eram, na verdade, os grandes lábios. E isso estabelece logo o ponto de partida. A primeira imagem que o homem viu da filha foi a vagina o que deixa adivinhar o que aí vem nos próximos 18 anos.
O problema é que quando se sabe que é um rapaz toda a família pode exclamar orgulhosamente: “olha… que grande pila que ele tem! Sim, senhor! Belos tomatitos da criança! Viril!”. Nunca vi ninguém com uma miúda dizer: “chiça que granda con* que a rapariga tem!” O pior é se há algum amigo que exclama: “olha sai à mãe!”.
Como se não bastasse há um conjunto de aspectos inerentes à criação de uma fêmea. Como acontece com qualquer criança, se for pai de uma miúda vou ter que lhe dar banho e lavar as suas partes intímas. Se fosse um rapaz saberia como fazer, agora a uma rapariga?! A única coisa que um homem sabe fazer está muito longe de ser “o lavar”. Depois sei lá se o sorriso e o gugu dádá que a criança faz é normal ou de felicidade? É que esses são os sons que a minha mulher faz quando estamos em momentos intímos e não quero estar a dar tais sensações a uma miúda que acaba de nascer.